quarta-feira, 20 de outubro de 2010


E não se podem colocar as asas de um anjo uma vez que foram arrancadas, peço-lhe que não me tire a terra, pois ao céu não pertenço mais.
O véu da mentira cai sobre seu leito ao amanhecer, cada vestígio de vida abandona o teu ser ao abrir os longos cílios escuros que pertencem aos olhares indecentes que tens sobre teus demais.
Abandono-te ao revelar-me a vida que me fugia ao branco dos olhos, refugiando-me na existência de um ato insano para justificar tais comportamentos.
Num instante de agonia, afasta-se de mim, doce perjúrio, e condena-me a sentença de lhe amar até a última gota de juízo que restara.
Impeço-te de dizeres o amor em falsas sentenças, pois não se pode jurar algo que não sentes verdadeiramente.
Mágicos são os sussurros que soam como poesias ao sair de seus lábios vermelhos da vergonha alheia.
Esqueço-te por um instante e torna-se suicídio tal ato. Cortejo-te até o badalar de sinos, depois se torna dispensável a tua presença.
O querer me fere. Não se pode desejar o que não se quer, confesso-lhe que secretamente reservo meus lábios a ti, e ao estar na presença do mesmo, disfarço os desejos que me incendeiam os sonhos.
Acorrenta-me pudor voraz, sussurra-me o teu verdadeiro nome, diga-me o teu sobrenome, e assim lhe escrevo a carta, entrego-lhe a alma e parto sem demasiada inocência. 
Karina Carvalho Lançone de Oliveira

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

E as faces se deparam com a chuva, as mascaras caem ao badalar dos sinos, e a cada nova esperança o medo do fracasso segura minhas mãos.
Suprindo as necessidades de um alguém qualquer, imaginando como poderia restar sentimento, esperando e tendo a certeza de que o amanhã não lhe pertence.
Sorrindo para que os outros não questionem, por dentro as feridas sangram, a cada olhar uma faca crava o peito, a cada decepção uma volta da corda é dada no pescoço.
Os dias indo e vindo e o tempo permanece intacto, no relógio a hora que você se foi não muda, e por mais ombros amigos que se tenha, nenhum sente a mesma dor que eu.
Céu se faz nublado, tirando a certeza da alegria, e cada gota trás consigo o sangue gotejante dos pulsos insignificantes da garota ali ao chão.
Karina Carvalho Lançone de Oliveira