'Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.' Clarice Lispector
sábado, 30 de abril de 2011
Perfume que não sai de mim, essa noite vou dormir com a sua essência, com seu cheiro, te pedindo do meu lado no 'pra sempre' mais momentâneo que puder imaginar, mesmo que nem eu dure essa eternidade de momento toda, mesmo que o encanto acabe quando os olhos se fecharem, te sentirei comigo mais uma vez...
terça-feira, 26 de abril de 2011
With or without you
Tenho os olhares de todas as cores, o coração cheio de amores e os sorrisos de orelha a orelha
Espero não mais que amor, menos que paixão,
Quero tudo dentro do que é vago
A fração de segundos para que as coisas aconteçam
Os minutos eternos que as fazem acabar
Aqui sento, me sinto
Delírio repleto de pensamentos,
Vago instante que fez do ‘nós’ virar ‘eu e você’
Desato e me desfaço
Assim pode ser que disfarce as minhas intenções
Com ou sem você vivo, embora não tenha tanto sentido.
Não quero segredos, quero promessas, as mesmas que meus olhos nunca viram, mas meus ouvidos, em meio à música e ao gosto do teu beijo, ouviram teus sussurros
Doce, era e assim sonhávamos ser, mas não somos nada, e de dois sobrou-se apenas um
Meu corpo pedia o teu, e assim se fez, de modo incerto, com medos e incertezas, assim te quis, desejei, te prendi nos meus braços, não quis te deixar ir embora
Embriaguez do momento, doce e forte gosto das salivas, o beijo com mais paixão, a sexta-feira, as luzes e ruídos da cidade, nada importava, nada importa.
terça-feira, 5 de abril de 2011
Olhava atordoada para o telefone, não imaginava que depois de tanto tempo ele ainda lembraria seu número, muito menos que sentiria vontade de ouvir sua voz novamente. A conversa foi breve, muitas pausas, e um enorme receio de que voltassem a falar do passado distante. Cinco anos voltaram como cenas de filme. Parecia que tudo aconteceu em questão de meses atrás. Vozes trêmulas e um medo de que nos dias seguintes voltassem a se ver. Tudo parecia uma brincadeira do destino.
Lia voltou a tomar seu café, porém agora possuía um gosto de passado, forte, amargo e frio. Não conseguia entender. Quem poderia ter passado seu número a ele? Desde que deixaram de se ver, ela sonhava acordada com esse dia, mas depois de cinco anos os sonhos já não são mais os mesmos, os gostos mudam de sabor, e até as manias se tornam ‘manias de adulto’. Ela havia crescido, e junto com ela, tudo ao seu redor mudara. A casa já não era mais a mesma, os móveis foram trocados faz uns três anos, e os bichos de pelúcia que ficavam em cima da cama, hoje ganharam um lugar privilegiado com vista do alto do quarto, ficavam em cima do guarda-roupa, num saco de plástico, no qual sua mãe havia separado pra doar. Mas a vontade de voltar a ser a menininha que antes era a impediu de levar embora tais companheiros de aventuras. Hoje já não era mais aquela doce menina que acreditava nas fadas e na misticidade da vida. Tudo perdera o encanto quando teve sua primeira lágrima de amor.
Ainda sentada em sua sala, com sua xícara de café frio nas mãos e o telefone a encarando na mesinha do canto, tentava entender como ele havia passado os últimos cinco anos. O que aconteceu com ele? Será que alguém o fez sofrer? Seus gostos ainda seriam os mesmos? Não importava mais, não havia a menor possibilidade de se encontrarem, ela tinha seus sonhos, suas metas, e ele... Bem, ele já devia estar com outra pessoa, ou iria fazê-la chorar novamente.
A intrigava o fato de ele ter lembrado dela, e mais engraçado e tenebroso era ele ter perguntado se ela havia o esquecido. Por um momento pensou em dizer que não, pensou em pedir para vê-lo e deixar a saudade mostrar qual caminho seguir, mas não, não podia ser fraca novamente, as lágrimas seriam derramadas novamente e não agüentaria outra dor pelo mesmo amor. Deixou-o sem resposta, lhe questionou sobre a finalidade da pergunta, afinal, cinco anos não são cinco dias. Mas ele mudara de assunto, como sempre fugira das respostas complexas. Citou como seus pais estavam e disse que cursava uma faculdade, coisa que ela jamais o imaginaria fazendo. Os pensamentos brincavam com ela, ficava se lembrando da conversa, das risadas com receio, da vontade de tocar seu rosto. Mas reconhecia que não havia como, as coisas mudaram demais e sua razão lhe dizia que não daria certo. Tentou dormir, mas a xícara de café que tomara não a deixou descansar. Tudo constantemente ligado a vontade de ouvir aquela voz de novo, sentir o carinho que um dia ele teve por ela. Foi até seu quarto e resgatou as lembranças daquele amor do passado, as fotos, as cartas, o sapo de pelúcia que havia ganhado de uma viagem que ele fizera, tudo muito bem guardado para que os anos não os estragassem. Podia sentir seu perfume em uma camiseta antiga dele, que guardara com o mesmo carinho que tinha com as suas roupas. Lembrava que nesse dia ele havia a buscado na escola, e levou-lhe a camiseta para ela. Tomaram chuva no meio do caminho, voltaram sorrindo e lembrando-se dos meses que já estavam juntos e pensando nas coisas que estariam por vir. Lia interrompeu a lembrança enxugando as lágrimas que caíram sobre as cartas. Não fazia sentido lembrar-se do que não voltaria. Guardou tudo de novo nas caixas, mas o sapo resolveu deixar sobre a cama. Naquela noite, talvez conseguisse dormir melhor, sabendo que ele ainda pensava nela.
Deparou-se com o riso mais incerto
Lavou o rosto com as lágrimas que lhe percorriam o corpo, tomando caminhos perigosos
Dos desejos, restou-lhe apenas o querer
A saudade fizera morada no seu desespero enaltecido
O brilho, que antes pertencia-lhe aos olhos, hoje mantém-se distante
Das malícias, tens apenas as memórias
Esquecida dentre a multidão, vê-se pânico, lê-se só ao que todos dizem - 'tenha dó'
Mas dó nenhuma tem-se de quem se deixa levar por sentimentos sórdidos
A queixa maior é ser lembrada como a 'tal ninguém', podia, mas não queria entender tal apelido
Quem chega, se depara, ao longe, com a tal, e de pobre tem-se apenas os trapos e o coração, que perdeu o brilho ao partir-se no meio.
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