quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Despertar






A cada beijo uma mordida na boca entalhava minha vontade.
O toque de mãos inocentes abraçando o carinho do encostar dos rostos.
A luz do luar embebeda nossa boemia diária, nessa vontade de rir a toa com você.
Arrepiava tocando o ombro, e na maior inocência, os olhos se cruzavam em olhares cheios de vergonha e um toque de amor.
O gosto de hortelã misturava-se ao amargo perfume borrifado no pescoço e dava-nos a combinação perfeita da sintonia dos corpos e sorrisos que ali surgiam.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Um passo de liberdade



Da nossa distância faço o meu martírio,
E te querer aqui é desejo aguçado, nos mais claros sentidos
Meros passos separando a nossa vontade
Entre o que há de verdade e a bela mentira que criei
Querida saudade porque fazes tal mal a mim?

Insisto em dizer que você é meu
Pouso as pálpebras, o encontro delas me faz ver o que o coração não esqueceu
A mentira criada na esperança,
Reflexos de um dia que jamais aconteceu

Juro que não sei se me conhece,
Diz que sou teimosa, impaciente e impulsiva
Mas a cada dia que se passa,
Vejo que sou mais que essa pequena definição
Sinto que morro a cada passo em sua direção
E nessa brincadeira de olhares, corro dos braços da morte
Digo que sou forte e afasto meu corpo do sentimento que mata.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Amor de primavera


Mordia o pescoço, arrepiando a alma
E deslizava as mãos no rosto, desenhando uma risada tímida no canto da boca
Mergulhava no intenso olhar azul, fervendo seus instintos e estremecendo os músculos
Envolvia o corpo delicado nos braços, mostrando ao mundo que era tua e de mais nenhum pecador
Brincava ao pé do ouvido, propondo convites infames
Vivia aquela doce culpa de amar
Não pensava, apenas desejava
E sentia gosto de amor novo na ponta da língua


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Tempo, a quimera dos que vivem





Como cheiro de perfume importado, marquei você em mim
Delicadamente voraz com ar de quero mais
Desenhei nas tuas linhas a beleza do por de sol
Escondi minhas vergonhas nas tuas costas entalhadas
Abracei teu ego, te ninei, cuidei como se fosse pra sempre meu
E ao olhar para o lado me vi sem você
Criou asas e abandonou o meu delírio
Pedi ao destino que me explicasse, e ouvi ‘só o tempo dirá’
Tempo é quimera, idealização de algo indefinido
Sem saber o que pensar, resolvi deixar o tempo, dono dos finais, me mostrar
E ao perceber tamanha reviravolta, vi minha vida definitivamente mudada
Estava ao lado de outro e você já nem sabia onde estava
Me vi ali vivendo, coisa boa de se fazer
E um dia te vi sofrendo, coisa que jamais gostaria de ver
E a roleta girou mais uma vez, um dia chorei, outro dia sorri, às vezes gritei e quase morri,
Mas morrer de amor é diferente, você morre por dentro, mas continua vivendo.

sábado, 3 de setembro de 2011

Um momento em janeiro



Em noite boêmia te conheci
Alegria, música e poesia, tanto que a visão turva nos afastou
E a risada diante de tal lembrança me fez te desenhar na memória
Riscar com traços imperfeitos, a alegria do momento
O abraço, o sorriso, a lembrança, a partida, e tudo se completa
Se a tristeza ousar se pronunciar nesse misto de amizade,
Te conto que na verdade ela veio em boa hora
Assim podemos saber quem realmente deve merecer tal abraço verdadeiro de amigo que nunca se vai embora.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Renascer das almas




Hoje meu dia amanheceu com gosto antigo
Mesmas roupas, mesmo perfume, mesmas memórias
Temas de um inverno qualquer
Guardados no inverso do que é bom
Degustados como vinho antigo e cobertor quente
O dia nublado acinzentou o que ainda era colorido
Procurei aquecer a alma, me abrigar antes que congelasse
Ver o calor das coisas que ainda estão por vir
E ainda assim, vejo a liberdade petrificando as asas que me foram dadas
Como sinal de protesto a felicidade algemada que há de vir
E ainda sim vivo em busca do cheiro amadeirado de nascer e pôr do sol, o doce ritual do que se renova.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Entre doses de um martini qualquer



Hoje o passado bateu na minha porta
Deu um sorriso meigo e conservado em três doses de martini
Cuspiu palavras doces do tempo em que éramos ‘nós’
Deu a cara à tapa para as carícias sutis
Encarou de olhos esverdeados os rastros que deixou pelo caminho
Sussurrou mentiras belas, difíceis de não se admirar
Chamou-me de pequena esquecendo que cresci
Distribuiu as chaves do coração para a sortuda da vez
Encantou-se ao ver que a destruição que causara ainda doía
Deu as costas largas e fortes para minha doce esperança
Em passos cautelosos foi embora prometendo a fidelidade de um dia qualquer.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011



O tempo todo eu tive medo de perder
Medo de não dar certo
De não te ter mais aqui do meu lado
Eu nunca notei
Você já não estava aqui
Já não sabia o que te dava medo
Qual a sua fraqueza
O que você ainda esperava da vida
Foi ai que eu decidi
Não querer mais você
Acordar no meio da noite e não procurar seu número
Olhar no celular e ver somente as horas e não as mensagens
Nesse exato momento eu percebi que você já tinha ido faz tempo
E eu ainda esperava você voltar
Esqueci de viver meus sonhos pra viver os seus desejos
Tranquei-me nas duvidas enquanto o mundo ao meu redor me dava apenas uma certeza
Viva e deixe viver, o que é pra ser seu volta.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Brincando de amar


Esculpia com as mãos delicadas o imperfeito do corpo
Aos olhos do perfeccionista as curvas ganhavam destaque
Em meio aos cílios repousando, a boca invadia o desconhecido
Mordia os lábios da alma desnorteada
E as mãos deslizavam
Faziam-se doces as maçãs do rosto
Avermelhadas pelo incerto sorriso que surgia
Fruto do céu anil, imensidão nua e sem fim
Como os olhos azuis, piscinas mornas de se mergulhar
Afogar-se na água límpida dos olhares de malícia
E lá nadar a favor da correnteza,
Deixando o batom vermelho fazer pegadas na pele
No deslize de incertezas e medos
As pálpebras novamente se tocam
Deixando o instinto nos tomar pelas mãos
E o jogo de advinhas começa outra vez

O toque da solidão


Desejo o amor em cada palavra tua
Se o silêncio ousar se pronunciar,
Que um beijo, de olhos fechados, o derrote

Ouse, se permita sentir o arder da alma
Abuse do toque leve das mãos
Leia meu corpo e o traduza

Prove cada parte de mim
Core as bochechas ao retirar de cada malícia
Queira estar ao meu lado quando até a solidão desistiu

Decifra-me em cada sorriso
Busca-me em cada lágrima
Sinta-me em cada chama prestes a inflamar
Degusta-me sem nenhum juízo

terça-feira, 21 de junho de 2011


Éramos desconhecidos, em meio a rostos divididos na multidão
Não éramos nada, somos tudo, cada um no seu mundo
Brincadeiras do destino
Encontramo-nos e assim nos desconhecemos
Como se deixássemos de ser o que sempre fomos
Deixamos nos levar
E que os ventos nos carreguem
O que for pra ser será
E, pudera, sempre fomos tudo, mesmo não tendo-nos nas mãos
Escorrendo em meio ao vão dos dedos
Desabando lágrima a lágrima
Sorrindo corpo a corpo
Desconhecendo o destino em cada vida que passara pela vida
Éramos um, hoje somos nenhum
Nenhum corpo habitando o mesmo espaço
A alma desgrudando do próprio laço
E nasço, desabo desabafo em lágrimas ao papel
Nas palavras soltas do silencio surge um caminho
- O que for pra ser um dia vigora, vá, leia teu livro, cante teu hino, siga, a vida é aqui e agora!

domingo, 19 de junho de 2011



Tocara-lhe os lábios pela ultima vez
Cada segundo, cada respiração
Tudo voltava à mente como forma de despedida
Os fios de cabelo tocando a pele
Os olhos repousando sobre a ternura
Davam ar de infância
Daqueles amores que duram para sempre
Mesmo que seja no ‘para sempre’ do adeus
As mãos insistiam em não soltar
Mas já não cabia a um só a decisão
Com ar de pena abandonara-lhe ali
E o que começou com um sorriso
Teve fim nas lágrimas 
Deslizando uma a uma na face aveludada.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Essência

Brisas, folhas, pétalas, tudo tocando o chão
Na pele, as feridas que a vida proporcionou
No coração o medo do amor fugir

Negas esse amor que sentes?
Diga a ele o que vê
E ele não te abandonará

Seja a essência dos dias floridos
O perfume das noites
A brisa da manhã
O calor do sol
E nada temerás

Sente-se aqui
Olhe ao lado, levante a cabeça
O medo não lhe proporciona afeto
Segure minha mão, me levante quando, por tropeços, eu cair
Caia comigo se preciso

Temes algo agora?
Estás ao meu lado, não deveria temer
E ainda sim, sofre
O amor te causa tremor?

Não deverias, perca-se comigo
O tempo não te alcança,
Pois comigo estarás,
E o tempo há de virar vassalo do nosso amor

segunda-feira, 16 de maio de 2011


Andava pelas ruas, nuas, vazias, como se procurasse a visão de algo
Sentia o aroma do nada em meio ao vento
Os cabelos faziam festa, dançavam para os lados e junto das mãos descobriam o rosto em lágrimas
Seguia sem rumo, junto ao desconhecido, acompanhada da solidão
E mesmo sozinha ainda olhava ao atravessar, com medo da morte lhe acompanhar
Pousava os pés no asfalto molhado do orvalho da manhã
Acreditava, ela, que eram suas lágrimas chegando antes da própria solidão
Sofria por antecedência, e deixou que aquele medo tomasse conta de tudo
Deixou a inocência dentro de casa, fugiu sem dar explicações
E continuava a andar, chorando as tristezas pelo caminho, sem olhar para trás
Olhava sempre para o chão, analisava o caminho, quantas pessoas haviam andado por ali
Mas hoje apenas ela andava
O efeito da bebida havia passado há horas, nada mais a fazia sorrir
E mesmo assim andava como quem procurasse um caminho para a felicidade.
Quero lirismo nos dias de pressa
Sugestão nos dias de dúvida
Silêncio nos dias de barulho
Vozes em meio à solidão

Sentir mais que desejar
Tocar mais que imaginar
Arder mais que inflamar
Realizar mais do que apenas sonhar

quinta-feira, 5 de maio de 2011

grudei na tua roupa, não te quis deixar ser de mais ninguém, te prendi nos braços do meu desejo sem te perguntar se queria ficar, te quis, senti que deveria ao menos tentar, provar que não era nada em vão, mostrar que havia uma verdade, que havia um destino, será que o teu futuro estará entrelaçado ao meu ?
chega uma hora que a indiferença alheia não incomoda mais, não faz mais cócegas, ai você percebe que cansou de sofrer pelo amor que nunca foi amor

sábado, 30 de abril de 2011

Perfume que não sai de mim, essa noite vou dormir com a sua essência, com seu cheiro, te pedindo do meu lado no 'pra sempre' mais momentâneo que puder imaginar, mesmo que nem eu dure essa eternidade de momento toda, mesmo que o encanto acabe quando os olhos se fecharem, te sentirei comigo mais uma vez...

terça-feira, 26 de abril de 2011

With or without you



Tenho os olhares de todas as cores, o coração cheio de amores e os sorrisos de orelha a orelha
Espero não mais que amor, menos que paixão,
Quero tudo dentro do que é vago
A fração de segundos para que as coisas aconteçam
Os minutos eternos que as fazem acabar
Aqui sento, me sinto
Delírio repleto de pensamentos,
Vago instante que fez do ‘nós’ virar ‘eu e você’
Desato e me desfaço
Assim pode ser que disfarce as minhas intenções
Com ou sem você vivo, embora não tenha tanto sentido.
Não quero segredos, quero promessas, as mesmas que meus olhos nunca viram, mas meus ouvidos, em meio à música e ao gosto do teu beijo, ouviram teus sussurros
Doce, era e assim sonhávamos ser, mas não somos nada, e de dois sobrou-se apenas um
Meu corpo pedia o teu, e assim se fez, de modo incerto, com medos e incertezas, assim te quis, desejei, te prendi nos meus braços, não quis te deixar ir embora
Embriaguez do momento, doce e forte gosto das salivas, o beijo com mais paixão, a sexta-feira, as luzes e ruídos da cidade, nada importava, nada importa.

terça-feira, 5 de abril de 2011




Olhava atordoada para o telefone, não imaginava que depois de tanto tempo ele ainda lembraria seu número, muito menos que sentiria vontade de ouvir sua voz novamente. A conversa foi breve, muitas pausas, e um enorme receio de que voltassem a falar do passado distante. Cinco anos voltaram como cenas de filme. Parecia que tudo aconteceu em questão de meses atrás. Vozes trêmulas e um medo de que nos dias seguintes voltassem a se ver. Tudo parecia uma brincadeira do destino.
 Lia voltou a tomar seu café, porém agora possuía um gosto de passado, forte, amargo e frio.  Não conseguia entender. Quem poderia ter passado seu número a ele? Desde que deixaram de se ver, ela sonhava acordada com esse dia, mas depois de cinco anos os sonhos já não são mais os mesmos, os gostos mudam de sabor, e até as manias se tornam ‘manias de adulto’. Ela havia crescido, e junto com ela, tudo ao seu redor mudara. A casa já não era mais a mesma, os móveis foram trocados faz uns três anos, e os bichos de pelúcia que ficavam em cima da cama, hoje ganharam um lugar privilegiado com vista do alto do quarto, ficavam em cima do guarda-roupa, num saco de plástico, no qual sua mãe havia separado pra doar. Mas a vontade de voltar a ser a menininha que antes era a impediu de levar embora tais companheiros de aventuras. Hoje já não era mais aquela doce menina que acreditava nas fadas e na misticidade da vida. Tudo perdera o encanto quando teve sua primeira lágrima de amor.
Ainda sentada em sua sala, com sua xícara de café frio nas mãos e o telefone a encarando na mesinha do canto, tentava entender como ele havia passado os últimos cinco anos. O que aconteceu com ele? Será que alguém o fez sofrer? Seus gostos ainda seriam os mesmos? Não importava mais, não havia a menor possibilidade de se encontrarem, ela tinha seus sonhos, suas metas, e ele... Bem, ele já devia estar com outra pessoa, ou iria fazê-la chorar novamente.
A intrigava o fato de ele ter lembrado dela, e mais engraçado e tenebroso era ele ter perguntado se ela havia o esquecido. Por um momento pensou em dizer que não, pensou em pedir para vê-lo e deixar a saudade mostrar qual caminho seguir, mas não, não podia ser fraca novamente, as lágrimas seriam derramadas novamente e não agüentaria outra dor pelo mesmo amor. Deixou-o sem resposta, lhe questionou sobre a finalidade da pergunta, afinal, cinco anos não são cinco dias. Mas ele mudara de assunto, como sempre fugira das respostas complexas. Citou como seus pais estavam e disse que cursava uma faculdade, coisa que ela jamais o imaginaria fazendo. Os pensamentos brincavam com ela, ficava se lembrando da conversa, das risadas com receio, da vontade de tocar seu rosto. Mas reconhecia que não havia como, as coisas mudaram demais e sua razão lhe dizia que não daria certo. Tentou dormir, mas a xícara de café que tomara não a deixou descansar. Tudo constantemente ligado a vontade de ouvir aquela voz de novo, sentir o carinho que um dia ele teve por ela. Foi até seu quarto e resgatou as lembranças daquele amor do passado, as fotos, as cartas, o sapo de pelúcia que havia ganhado de uma viagem que ele fizera, tudo muito bem guardado para que os anos não os estragassem. Podia sentir seu perfume em uma camiseta antiga dele, que guardara com o mesmo carinho que tinha com as suas roupas. Lembrava que nesse dia ele havia a buscado na escola, e levou-lhe a camiseta para ela. Tomaram chuva no meio do caminho, voltaram sorrindo e lembrando-se dos meses que já estavam juntos e pensando nas coisas que estariam por vir.  Lia interrompeu a lembrança enxugando as lágrimas que caíram sobre as cartas. Não fazia sentido lembrar-se do que não voltaria. Guardou tudo de novo nas caixas, mas o sapo resolveu deixar sobre a cama. Naquela noite, talvez conseguisse dormir melhor, sabendo que ele ainda pensava nela.


Deparou-se com o riso mais incerto
Lavou o rosto com as lágrimas que lhe percorriam o corpo, tomando caminhos perigosos
Dos desejos, restou-lhe apenas o querer
A saudade fizera morada no seu desespero enaltecido
O brilho, que antes pertencia-lhe aos olhos, hoje mantém-se distante
Das malícias, tens apenas as memórias
Esquecida dentre a multidão, vê-se pânico, lê-se só ao que todos dizem - 'tenha dó'
Mas dó nenhuma tem-se de quem se deixa levar por sentimentos sórdidos
A queixa maior é ser lembrada como a 'tal ninguém', podia, mas não queria entender tal apelido
Quem chega, se depara, ao longe, com a tal, e de pobre tem-se apenas os trapos e o coração, que perdeu o brilho ao partir-se no meio.

quinta-feira, 31 de março de 2011


Mais uma vez olhou ao seu redor, o amor não queria aparecer.
Se o tempo de espera fosse curto, mas anos não correspondiam mais a um tempo pequeno.
Seus olhos davam a entender que um grito resolveria, mas sua voz sumiu diante do que ouviu.
Não seria fácil engolir cada palavra solta no ar, mas era preciso, para o amor não abandoná-la novamente.
O silêncio se fazia aliado, seria melhor assim.
Se todos pudessem entender, mas ninguém compreendia, ninguém a apoiaria.
- Amor não se compreende!
Ecos mentais, guiando seus passos, determinando onde pisar.
- Não! Pare! O amor te persegue! Acorde e perceba jovem aprendiz!
Se fosse fácil como a dor de um corte, mas isso dói mais, sangra e fere mais, não se cicatriza tão fácil assim.
- Entenda! Embora te quero, me quero, e te queria, mas ao meu querer, te quero!
E o querer gritou mais que sua própria voz, precisava daquele carinho momentâneo, daquela atenção pequena, que aos seus olhos era o mundo aos seus pés.

sábado, 26 de março de 2011




As mãos no rosto escondiam os olhos azuis e as bochechas pintadinhas com sardas.
Dizia em tom alto, tão alto quanto seu coração pudesse ouvir:
- Não se apaixone mais, não se iluda mais, o amor não te reconhece, não é sentimento digno de ti.
Mas num lapso momentâneo seus olhos lavavam a alma e as pintinhas ficavam maiores dentro das lágrimas que escorriam.
Pensava que não havia mais concerto, o coração estava estragado e pronto, ninguém podia consertá-lo.
Estragado de tantas porcarias que sentia tanto amor acumulado nas veias e nenhum correspondido com sinceridade.
Já não sabia mais viver, de nada adiantava sua silenciosa beleza, seus olhos azuis, espelhos da alma, que ao verem o amor a olho nu, estampava um sorriso platônico no rosto, e passava, fazendo vento com aroma de perfume novo, recém tirado da caixa, mas não havia sentido, não a olhava, e os cachos ruivos continuavam ao vento, sem serem notados.
- Olhai pra mim doce amor, olhai, sentiste meu perfume? Rosas recém colhidas, e de nada adiantou, os espinhos cortaram, o sangue sujou o branco aveludado das pétalas e mais uma vez você desviou os olhos.
Sentia que aquele mundo não era real.
- Platonismo falso, coisas que a literatura estampa em livros, mas ninguém o sentiu de verdade, puro engano.
E de enganos em enganos o coração se perfura.
- Não entendes o óbvio? Deixa-te de enganos menina doce e venenosa, teus lábios não se encaixam com os dele, teu coração não tem a cor do dele, e ainda insistes em tentar? Engana-te, engana-te!
Não pudera evitar, era mais forte que ti, mais forte do que tudo que fazia sentido, aos olhos dos outros era paixonite de adolescente, aos seus olhos azuis era o destino traçando seus rumos nas curvas sem graça que tinhas no corpo.
- Perceba que aqueles sorrisos não pertencem a ti, e ainda insistes? Pra que se magoar a toa?
Mas pra ela o amor não era à toa, era a chama inquieta dentro de si.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Lua Cheia no Perigeu


Traços desenhando o céu nas formas tuas
Curvas definidas da mais doce perfeição
Cabelos ao vento e o som da noite é a música ideal
Teu anil se mistura com meu celeste, azul, doce, mas ainda sim azul
Iluminando as faces da corada imperfeição
Somos dois, milhões de partículas borbulhando em nós
E o coração só obedece ao que lhe chama ao pé do ouvido
Estrelado céu anil e não quero notá-lo
Quero desejar-te, possuir-te, me perder nas curvas celeste com meu azul anil iluminando teu rosto
E se não bastar tais súplicas de amor anoitecido
Deixo o brilho do olhar mais intenso aos teus cuidados
Espelhos d’água ao som das brisas mais esvoaçantes
Brilhantes como a estrela nesta noite que vai se acabando
Colocando ao fim mais um som boêmio,
O som das curvas que um dia segui com as mãos,
Sentia-se o arrepio profundo do ‘sentir’
E com as mãos nos olhos tentava procurar distração pra tal pecado
- Dó de mim não tens, Deus? Pobre mortal passando por essa tentação..
E com os olhos já cheios de água, a si mesmo respondia,
- Não, não tens dó, é carma a se pagar, desejar tal pessoa, essa sim tem meus desejos nas mãos e ainda sim brinca com tal chama, sabendo que não queima mais
Olhando para o horizonte só sentia o aroma, e a chama incandesceu
Tornou-se fogo a dominar, ardeu, queimou
Porém naquela noite de lua cheia com brisa de outono e aroma de jasmim sabia-se que a chama era contida no seu próprio queimar, se destruiu, como quem não se conhece mais.

domingo, 6 de março de 2011

pudera eu descrever tal sabor de lágrima, uma vez que já a senti, mas a cada decepção chora-se um sabor diferente
amor, para os que sentem, é tudo, para os que bocejam palavras ao vento é um veneno escorrendo ao canto da boca

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011


Gosto dos sabores intensos, das palavras expressivas, dos sentimentos confusos
Quero atuar na vida, errar e poder recomeçar sem vaias
Ter os desejos mais ardentes e as depressões mais profundas
Quero viver e reviver, aprender, recriar, tentar
Sentir o amargo do café, o aroma
Quero ser gente, ser bicho, ser selva
Ter tudo que tenho direito apenas por existir
E se um dia eu falhar como humana que sou
Peço apenas o perdão divino
Pra poder recomeçar como semente e evoluir como gente que sou
E para os amores que um dia tive apenas guardo as lembranças,
Recordações de menina com lições de mulher.

Dos olhares quero os mais obscenos,
Quero aqueles que te devoram sem ao menos te dar um nome
Sentir assim o arder das almas numa chama só
E que dessa chama nada se torne brasa
Brasa queima mais sempre vira cinzas.

Que nossa voz se torne sussurros
E os mesmos só sejam ouvidos por nós
Falaremos da chuva, do tempo, do amor
E se o silêncio prevalecer, que o quebre com um beijo.

Dos pensamentos mais distintos você exalta os mais quentes
Das palavras mais absurdas quero as mais engraçadas
Quero sem pensar, te quero, quero, querer e assim vou te amar.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Dos teus lábios infames saem palavras de um amor inventado para iludir
Doces palavras citadas em vão, e no vago silêncio flutuaram com um cínico sorriso de canto de boca
Falsas promessas, esperanças criadas no vão das ilusões perfeitas
E ainda crês que o tal ‘amor’ existe
Dizes ‘eu te amo’, mas é outra que teus pensamentos nomeiam
Pensas no futuro, mas as mãos que um dia andariam entrelaçadas, hoje andam com vãos entre os dedos, esperando a coragem de soltá-las
E um dia reconhecerás, tarde será o mesmo, tal como o tempo que espero a tua presença vulgar
E nas fendas dos pensamentos mais lindos haverá as lágrimas apagadas pelo sono que logo vem
Sinta-se em casa e veja como é fácil querer mais não ter, dar atenção e a mesma nunca receber
Veja como é belo o sorriso mascarado que lhe trago, junto com as flores murchas pelo tempo da espera
Sinta como é doce a vingança que escorre como veneno no canto da boca, e delicadamente o enxugas com as pontas dos dedos
Delicia-te das promessas falhas que lhe sussurram aos ouvidos e cotovelos
Assim entenderás qual o sentido do tal ‘amor’ que conjugas sem ao menos sentir.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

um café e um amor pra viagem, por favor!



Quero sentir o morno do café recém feito, sentir o amargo do sabor sem o tal que o adoce
Sentir o que é faísca incandescer e tornar-se fogo indomável
Receber os elogios que não condizem com a realidade
Sentir o coração saltar pela garganta no colo alheio
E se não bastar, faça-me sentir única, tua e completa, terás nas mãos os meus desejos e na boca as minhas risadas
Completarás as frases que eu falarei e conhecerás a menina que se conhece como mulher
Desejo o que não tem nome e nomeado nunca será, pois cada um o sente com um nome e impossível é descrevê-lo da mesma forma
Cada chama queima de uma maneira, em uma direção, às vezes inocente deveras vulgar
Que chama um nome às vezes igual, mas que o nome só responde ao que o chama da maneira especial
Como tal sentido pode ser descrito, das estrelas eu volto, volto a mim, ao mundo, e vejo que queimei, mas machuquei
Podendo ser livre ao ar e incendiar demais corações ou preso dentro de si, domado dentro do peito da vergonha
Deveras denomino tal fogo que queima, arde, cicatriza e nasce chama novamente, de amor.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Sete pecados capitais - Vaidade



Dos sete véus teces a face, das mais perfeitas formas e contextos
Buscam-te, ó perfeição, como efeito de grandeza, pudera eu a ter,
Oportuno seria, ao mero mortal, recriar-te sem pudor
Sem exageros, sem rancor, da inveja e cobiça de muitos
Ao fato de desejar-te assim
Passa tua melhor cor, pinte aos olhos o charme da conquista
Jogue incessante vaidade aos que por ela morrem
Mate em olhares delicados, com os cílios de porcelana das bonecas russas
Copie as bochechas rosadas vindas dos rochedos italianos
Brinque com o fogo alheio, faça arder as mais interessantes imaginações
Gaste seu tempo com a futilidade importante, desfrute das formas de se mudar
Seja castanha, seja azul cor de céu, seja verde esmeralda, olhe com todas as cores
Sinta e instigue os possíveis amores
Faça o charminho insinuado
Disfarce com a inocência
Mas com ar de decência mostre a mulher oculta
Clame por amor, diga sem pudor o que queres
Seja e sinta, delicia-te dessa oportunidade
Faça caras, bocas e sorrisos
Sente-se e mate, tua cor será o preto sagaz
Angelical e doentio terás o branco como opção
Meça os sentimentos, não se entregue por completo
Sinta a sede e molhe o paladar com as variedades
Descubra do que és capaz
Gaste e invista, não repita, tenha vontade do algo a mais
Use, abuse e ouse
Destaque os lábios da morte, vermelho sangue é teu sobrenome
Não te sinto como um pecado,
Cubro-te de glórias e recuso-me as criticas invejosas
Fazes tão bem a mim, pecado seria não te sentir


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Ao som de Guns

Quero a rebelião constante
A mudança de estado das coisas
Quero o mundo desabando diante do que vejo
Quero sentir além de, apenas, ouvir
E sentindo o mesmo pulsar é que entenderei
A constante mudança do calmo para o inflamável
Sentindo tudo ao som de alguns acordes
Sinto-me livre em apenas quatro minutos
Desejo a mudança que nunca acontece
Quero tudo fazendo quase nada
Lutar sem sair do lugar

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011




Acorrento-me, agora, a sua insensatez, sua voraz necessidade de me deixar sem rumo
As possíveis interrupções voltam à tona e o que era um mero capricho volta a ser a opção
Não possuo forças, não possuo vontades, apenas movo-me aos teus passos, tua delicada sombra, ali, imóvel e incapaz de me dar aconchego
Frio e calculado, os pensamentos da mente que me controla, geladas e mórbidas, são as lágrimas que descem na face, já abandona os sonhos e a vida, corre do destino, desfruta de tua última refeição e me encobre nas asas acinzentadas de novo
Ganho o ar, deslizo de nuvens e vagos pensamentos, ecos de uma vaga ilusão
Fujo, corro, e ninguém parece se preocupar
Sumo abandono, fecho-me e já te perco mais uma vez.